Luis Fajardo Da Califórnia |
Segundo levantamento feito por Jon Gettman, PhD em Política Pública da George Mason University, na Virgínia do Norte, e líder da Coalizão para Reclassificação da Cannabis, a produção do cultivo de maconha no país é estimada em US$ 36 bilhões anuais e o país está deixando de ser um consumidor da droga para se converter em um importante produtor.
Apenas na Califórnia, o principal Estado produtor de maconha, o valor comercial das plantações erradicadas chegou a US$ 6,7 bilhões em 2006, segundo cifras passadas pelo Departamento de Justiça da Califórnia à BBC.
Para ter uma idéia da importância comercial dos cultivos americanos da erva, basta destacar que um relatório do Serviço de Investigações do Congresso americano estimou que a contribuição do narcotráfico para a economia da Colômbia chega a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) daquele país, ou cerca de US$ 2,5 bilhões – uma cifra equivalente a menos da metade do valor estimado da plantação californiana de maconha.
Entretanto, o baixo valor monetário do narcotráfico colombiano se explica pelo fato de que a cocaína produzida na Colômbia adquire a maior parte de seu valor agregado após ser exportada.
Até chegarem ao consumidor final americano, o valor comercial final das drogas produzidas na Colômbia será substancialmente maior.
Mesmo assim, as cifras sugerem que os Estados Unidos são uma potência crescente em cultivos ilícitos, e que seu papel na indústria global do narcotráfico não se reduz ao de simples consumidor.
Cultivo crescente
Armado com um fuzil automático, o capitão Kevin Mayer não é o típico guarda florestal de aparência inofensiva e sorriso amável para os turistas que patrulha os parques naturais dos Estados Unidos.
Mayer passa os seus dias percorrendo o Bosque Nacional da Serra, uma reserva natural de mais de um milhão de hectares a meio caminho entre as cidades de Los Angeles e San Francisco.
Apenas na Califórnia, o número de plantas de maconha destruídas passou de 313.776 em 2001 para 1.675.681 no ano passado.
O relatório anual antinarcórticos do Departamento de Estado afirmou que os Estados Unidos cultivavam 10 mil toneladas de maconha em 2005, frente a 5 mil importadas do México e do Canadá.
"Creio que (as plantações de maconha) continuarão aumentando, se expandindo em direção ao leste e ao longo dos Estados Unidos, e ao norte em direção à fronteira com o Canadá", ele disse à BBC. "Há muitos lucros no negócio."
![]() | ![]() |
Cap. Kevin Mayer: 'Há muitos lucros no negócio (da maconha)' |
O problema descrito por Mayer foi recentemente analisado pelo acadêmico americano Jon Gettman, para quem a maconha é, em termos de valor de sua colheita anual, o maior cultivo dos Estados Unidos, superando o milho e o trigo combinados.
Conhecido estudioso e ativista a favor da reforma das leis antidrogas, Gettman utiliza o argumento econômico na principal campanha da Coalizão para Reclassificação da Cannabis, um grupo defensor do uso terapêutico da maconha.
Prós e contras
Assim como alguns justificam a existência de cultivos de coca nos países andinos por sua importância para as tradições locais, na Califórnia não falta quem diga que a maconha é parte da cultura da região, especialmente desde os anos 60.
E uma parte do eleitorado do Estado tolera o cultivo, desde que em certas condições. Depois de um referendo em 1996, as autoridades californianas legalizaram o consumo e o cultivo da erva em pequenas quantidades para fins terapêuticos.
Mas em outros setores da população, especialmente em comunidades rurais e conservadores, a oposição ao cultivo continua sendo radical.
Um porta-voz da Agência Antidrogas dos EUA (DEA) disse que não poderia confirmar a escala da colheita nacional de maconha. Estima-se que apenas 10% dela sirva a propósitos medicinais.
Como ocorre em países andinos, como Colômbia, Peru e Bolívia, um dos maiores focos do crescimento ilícito na Califórnia tem lugar em parques e reservas naturais, onde o isolamento físico e o caráter de espaço público dificultam a perseguição dos responsáveis.
As autoridades da Califórnia disseram à BBC que não empregam fumigação aérea contra as plantações, por considerá-las nocivas às condições ambientais nesses parques naturais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário